quinta-feira, 3 de março de 2011

Um pedido de socorro além de seu alcance

Espantei-me ao saber o número de pessoas que concordam com a legalização do aborto em uma oportunidade recente. Triste presenciar em que planos a moral e a dignidade estão sendo postas. Talvez por romantismo, espero. Seria essa a melhor opção entre romantismo e frieza proveniente do mais cruel dos sentimentos humanos: a vaidade, o “poder fazer” por ter controle sobre algo ou alguém.

Costumo comparar o aborto a um costume bem antigo e, nem por isso, menos cruel: o ato de pescar alguns peixes no final de semana com a família e até mesmo naqueles parques “pesque e pague”. Pergunto, para fundamentar minha observação, se uma mãe ou pai seriam frios o suficiente a ponto de levarem seus filhos para abaterem galinhas ou bovinos em um final de semana ensolarado. Imagino que a resposta seja um sonoro NÃO pelo fato deste ser um ato de verdadeira covardia e desrespeito com a vida de um ser. Entretanto é comum famílias inteiras irem pescar à beira de lagos em um final de semana. Isso se dá pelo fato da morte de um peixe ser tão silenciosa que ameniza o sentimento de culpa e até mesmo a noção da privação da vida a um ser.
O mesmo se aplica ao aborto, haja vista que a executora(naturalmente que não merece ser comparada à figura materna) tem em sua mente apenas a retirada de um tecido celular ainda inerte, que está ali apenas para atrapalhar sua rotina e causar contratempos. Não escutando o choro de seu filho nem percebendo sua expressão de dor, torna-se uma prática extremamente viável para a covarde praticante. Duvidaria muito que a mulher que tem a decisão de exterminar seu descendente durante a gestação teria a mesma coragem em realizar a mesma barbárie após seu nascimento como se esmagasse uma barata. Digo esmagar propositalmente, haja vista que é literalmente isso que se faz com parte do feto que não passa pela mangueira de sucção usada durante o procedimento; esmaga-se a cabeça do pequenino com uma pinça metálica como um alicate e depois puxa-se os pedaços com um instrumento semelhante a uma agulha de crochê.

Justifica-se abortar a fim de evitar futuros inconvenientes a seu filho? Por comodidade? Para que você possa sobreviver da promiscuidade sem as responsabilidades que agora teria? Aborto é simplesmente um ato covarde e insano, que tem por objetivo atender aos caprichos do momento que tornam o nascimento de um filho algo iincompatível à sua nada elogiável rotina.

Ainda existem discussões entre feministas quanto à definição da vida durante a gestação. Afirmam que o ser que tem ali seu santuário não passar de uma extensão de seu corpo e, por isso, deterem o direito de amputá-lo. Que ainda não é um bebê e sim um monte de carne em multiplicação.
O que seria então um ser humano senão um monte de células em multiplicação dotado de razão e independência?
Ainda na dúvida se o ato pode vir ou não a causar dor e sofrimento ao bebê, que não o faça, oras! Por que submeter um ser a possibilidade de perder a vida apenas por poder assim fazê-lo?
Podem, então, os já nascidos arrogarem-se a definir o “ser humano” apenas por convenção e conveniência do momento? Se os genes são humanos, o desenvolvimento será igual ao do próprio abortista durante sua gestação e seus membros se desenvolverão a formarem bracinhos e dedinhos ainda desprovidos da malícia arrogante dos já crescidos. Não é possível ter a dúvida se o inocente ser nascerá uma criança ou um tomate.

Receio apenas o futuro desses pobres que vierem a sobreviver ao instinto assassino de suas geradoras que não são nada além de sociopatas, que por definição fingem ser o que não são; fingem, portanto, não acreditar na qualidade de ser humano de seus filhos ainda em gestação.

Mas é evidente que seria tolice esperar coerência moral de indivíduos que não respeitam nem mesmo o compromisso de reconhecer que as demais pessoas humanas pertencem à mesma espécie deles por natureza e não por uma “generosa” - e altamente revogável -- concessão da sua parte.

2 comentários:

  1. Sem titubear digo que é um dos melhores textos que já li sobre o tema. Parabéns, camarada.

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  2. Sócio, ficou muito bom, pude aprender bons argumentos. De fato, a questão do aborto precisa ser melhor debatida, colocando em pauta todas as questões, sejam elas socias, éticas e de saúde pública. É preciso reavaliar nossas concepções de direito e dever sobre a vida de outrem, há que se resgatar princípios que valorem a dignidade humana, não apenas em seu aspecto expositivo mas, principalmente, na tomada de ações políticas e sociais efetivas. Refiro-me a decisões que, de fato, tragam a nulidade da hipócrita situação que o aborto possui no Brasil. A cristandade do Brasil está longe de ratificar os ideias feministas no que tange ao aborto,e vice-versa, no entanto, as duas instituições fecham os olhos para os graves problemas que a não proibição severa e a ausência de uma ideologia forte acarretam, como é o caso de várias mulheres abortando e sendo "abortadas" da sociedade. Particularmente, sou contra o aborto, salvo os casos já previstos em lei, todavia sou adepto à debates para soluções capazes de mitigar os efeitos tão catastróficos que além de trucidar a saúde da mulher, maculam pilares da sociedade como as instituições e os profissionais de saúde, e além de tudo, perpetuam uma sociedade signatária de uma ética débil. Como disse Kant, nossa ética só pode ser correta quando puder ser universalizada.

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